Muitos ditos populares como: após a tempestade, vem à bonança, não há vitórias, sem lutas e até um versículo bíblico, poderia ser comparado à história que narrarei para os senhores “O CHORO PODE DURAR UMA NOITE, MAS A ALEGRIA VEM AO AMANHECER”.
Preocupado
com um problema de saúde (taquicardia), que há mais de oito anos vem me
atormentando, procurei um médico cardiologista e disse para ele o que sentia.
Ele me ouviu com toda atenção, aferiu a minha pressão, que estava 12 x 8, falou
baixinho:- ótima. Ouviu as batidas do
coração e disse: - também está ótimo. Voltou para o seu lugar e começou a
subscrever pedidos de exames: Hemograma completo, fezes, de três dias, urina,
ácido úrico, eletrocardiograma, eco ecocardiograma e teste de esforço. Perguntei
se não tinha mais nenhum e ele me respondeu: falta mais um. Vou passar para o
senhor um RX, para saber como está o tamanho do seu coração. Confesso que pela
quantidade de exames, saí dali muito preocupado, mas confiante. No mesmo dia,
consegui marcar alguns deles e os que faltaram consegui depois de uns dias.
Com
os resultados dos exames à mão, marquei novamente a consulta e fui mostrá-los
ao mesmo cardiologista. Enquanto esperava a minha vez, confesso que estava um
tanto nervoso, pois não entendia o que estava escrito. Chegou a minha vez, adentrei
a sala, com as mãos um pouco trêmulas, sentei e fiquei observando o Dr. Preencher
o meu prontuário. Levantou a cabeça, e
me perguntou como eu estava? Respondi: - tudo bem. Trouxe os exames? Sim. Entreguei a ele e enquanto ele olhava os
exames, a angústia tomava conta de mim. E a minha angústia ia aumentando,
quando ele olhava os exames e levantava o olhar para mim e calado voltava para
os exames. Aí, eu não tremia só as mãos e sim o corpo todo. O médico levantou
da sua cadeira e repetiu os mesmos atos da consulta passada. E estava tudo
ótimo antes. Voltou para a cadeira e começou a me fazer perguntas.
- Senhor Jorge : há quanto tempo o senhor sofre com essa disritmia?
Pensei, pensei e respondi: - há oito anos.
- E como o senhor descobriu? Olha
doutor, era só eu chegar perto da Rita que o meu coração acelerava tanto que
dava para ver a camisa mexendo na altura do mesmo.
- E quem é a Rita? Respondi: É a
filha da dona Rita. Uma morena alta, educada, bonita, sorriso aberto, muito
alegre, honesta e responsável. (Mas se pisar no calo, vira uma fera).
- Conta-me a sua história, pois
estou sentindo que o problema do senhor é mais sério do que eu estou pensando.
Eu quase caí da cadeira, quando ele me mandou contar a minha história.
- Olha doutor, conheci a Rita há
uns oito anos, quando ela começou a cobrar as ações na Associação de Moradores
da Praia de Santa Clara. Confesso ao senhor que no princípio eu a achava um
saco, enjoada e muito exigente. Mas com o passar do tempo fui entendendo e ela
passou a participar das atividades da Associação. Até aí, o coração ainda não batia
forte, mas com o passar do tempo, este mal, tomou conta de mim. E de cinco anos
para cá, ficou pior. Eu me casei com ela e a disritmia continua pior do que
nunca. É em casa, no carro, na pescaria, nos passeios, na igreja enfim, em todo
lugar. Uma loucura
- É amigo, o seu caso não é para
mim e sim para um psicólogo. E para o senhor é fácil. Eu sei que o senhor é
amigo de um grande psicólogo. Perguntei: Quem? Respondeu: Pr. Ademir Ramos. O
senhor não é membro da Primeira Igreja Batista? Respondi: Sim.
-Como doutor? Disritmia, não é um
problema cardíaco? Respondeu:
Em alguns casos sim, mas o senhor
não tem problemas cardíacos. Perguntei:
- O que é que eu tenho então,
doutor? E dando gargalhadas me respondeu, fazendo um suspense danado:
- Como toda doença a do senhor
não é diferente, o paciente tem que ajudar no tratamento, cooperando com o
médico.
- Sim doutor. Mas o que é que eu
tenho?
- O que o senhor tem é APAIXONITE AGUDA
INCURÁVEL.
Agradeci a ele, peguei os exames,
assumi a minha condição de apaixonado, vou continuar vivendo apaixonado pela
Rita e não vou me preocupar mais com disritmia. Garanto a todos que não
morrerei de enfermidade cardíaca, pois ela e só ela é o meu TRANQUILIZANTE.
Jorge Lúcio Ferreira (Jorge Ponto de Prosa)