Luiz Fernando Pezão, antes vice-governador, assume governo do estado.
Cabral foi eleito em 2006 e reeleito em 2010, no primeiro turno.
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Sérgio Cabral
renunciou na tarde desta quinta-feira (3) ao cargo de governador do Rio
de Janeiro, após cumprir dois mandatos. A renúncia foi escrita em uma
carta, lida pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj), Paulo Melo (PMDB), pouco depois das 16h30. Cabral, que não
participou da solenidade, deve tentar uma vaga no Senado Federal.
O cargo está em vacância até sexta-feira (4), quando Luiz Fernando Pezão deixa de ser governador em exercício e toma posse do cargo em definitivo. A cerimônia será no Palácio Guanabara, às 10h30 desta sexta.
O cargo está em vacância até sexta-feira (4), quando Luiz Fernando Pezão deixa de ser governador em exercício e toma posse do cargo em definitivo. A cerimônia será no Palácio Guanabara, às 10h30 desta sexta.
Carta enviada por Cabral ao presidente da Alerj,
deputado Paulo Melo (Foto: Lívia Torres/ G1)
deputado Paulo Melo (Foto: Lívia Torres/ G1)
Eleito em 2006, foi reeleito em 2010, no primeiro turno. Teve bons
resultados, principalmente na área de segurança, com a criação das
Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Desde 2013, no entanto, após as
manifestações iniciadas em junho, o governador vê sua popularidade
cair. No dia de sua despedida do cargo, o G1 faz um balanço dos sete anos e três meses do político à frente da população fluminense.
Veja a carta na íntegra abaixo
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
Veja a carta na íntegra abaixo
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
Com fundamento no art. 99, VI, da constituição do Estado do Rio de
Janeiro, e tendo em vista o disposto no parágrafo 6º, do art. 14, da
Constituição Federal, venho manifestar a minha Renúncia ao cargo de
Governador do Estado do Rio de Janeiro, para o qual fui reeleito e no
qual tomei posse no dia 01 de janeiro de 2011.
Nesta quarta-feira (2), às vésperas da renúncia, o próprio Cabral
resumiu seu trabalho e disse que entrega um estado diferente de quando
começou a governar. “Nós temos a melhor Polícia Militar e a melhor
Polícia Civil e isso não é ufanismo, nem demagogia. Valeu a pena
investir no sistema de segurança pública. A gente fez isso como
prioridade, sabendo a importância para o estado. Nós não ganharíamos as
Olimpíadas, não chegaríamos aonde chegamos."
O governador celebrou os números das votações que o elegeram. "Não
tenho do que me queixar com a população do Rio de Janeiro. Fui o
governador mais votado da história em 2006 e em 2010. Graças a Deus,
temos democracia e rodízio de poder. Minha gratidão é eterna.”
Queda de 35 pontos percentuais
Em outubro de 2006, Cabral teve 5,1 milhões de votos, 68% do total, e venceu a disputa contra a candidata Denise Frossard (PPS) no segundo turno. Em 2010, recebeu 5,2 milhões votos (66,08%), desbancando o candidato Fernando Gabeira (PV) já no primeiro turno. Menos de três anos após a reeleição, no entanto, uma pesquisa do Datafolha apontou que, no auge de sua popularidade, em novembro de 2010, Cabral tinha 55% de aprovação. Em novembro de 2013, a aprovação passou para 20%, 35 pontos percentuais a menos.
Em outubro de 2006, Cabral teve 5,1 milhões de votos, 68% do total, e venceu a disputa contra a candidata Denise Frossard (PPS) no segundo turno. Em 2010, recebeu 5,2 milhões votos (66,08%), desbancando o candidato Fernando Gabeira (PV) já no primeiro turno. Menos de três anos após a reeleição, no entanto, uma pesquisa do Datafolha apontou que, no auge de sua popularidade, em novembro de 2010, Cabral tinha 55% de aprovação. Em novembro de 2013, a aprovação passou para 20%, 35 pontos percentuais a menos.
As manifestações que tomaram as ruas do Rio a partir da Copa das
Confederações, em junho de 2013, expuseram a baixa de popularidade do
governador e fizeram de Cabral um dos principais alvos das críticas. A
residência do governador no Leblon, bairro nobre da Zona Sul, virou um
acampamento de ativistas, o "Ocupa Cabral".
Manifestantes
do movimento 'Ocupa Cabral' ficaram acampado na rua do governador em
protesto (Foto: Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Aos gritos de “Ditador” e "Fora, Cabral", vários protestos terminaram
em confronto com a Polícia Militar e quebra-quebra. Em entrevista, o governador pediu a saída dos manifestantes. "Não falo como governador, mas como pai. Tenho filhos pequenos", disse, na época.
A pauta de reivindicações dos protestos era extensa e a maior parte
ligada à Cabral. Dentre as polêmicas estava o uso de helicópteros
oficiais para fins particulares, investigado e arquivado pelo Ministério
Público. De acordo com uma reportagem da Veja, de julho de 2013, o
governador e a família usavam a aeronave para ir, em fins de semana, a
Mangaratiba, na Região Metropolitana do Rio, onde têm casa de praia. As
viagens custariam, por ano, R$ 3,8 milhões aos cofres públicos. Na
época, o governador negou irregularidades (veja a reportagem no vídeo).
Relações com empreiteiro
A proximidade com o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta Construções, investigada pela Polícia Federal, também gerou polêmica. Em abril de 2012, foram divulgadas no blog do deputado federal Anthony Garotinho (PR) fotos em que Cabral e Cavendish aparecem simulando passos de dança na calçada, à frente de um hotel em Paris. Em outra imagem, o empresário aparece ao lado de dois secretários estaduais com guardanapos na cabeça. As imagens, segundo a assessoria do governo, foram feitas em missão oficial à França, em 2009.
A proximidade com o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta Construções, investigada pela Polícia Federal, também gerou polêmica. Em abril de 2012, foram divulgadas no blog do deputado federal Anthony Garotinho (PR) fotos em que Cabral e Cavendish aparecem simulando passos de dança na calçada, à frente de um hotel em Paris. Em outra imagem, o empresário aparece ao lado de dois secretários estaduais com guardanapos na cabeça. As imagens, segundo a assessoria do governo, foram feitas em missão oficial à França, em 2009.
Em junho de 2011, a queda de um helicóptero que transportava convidados
para a festa de aniversário de Cavendish em Trancoso, Bahia, provocou a
morte de sete pessoas, incluindo a namorada do filho de Cabral. O
governador havia embarcado em um voo anterior.
Fotos mostram viagem a Paris e relação com Cavendish (Foto: Reprodução / TV Globo)
As demolições do complexo do Maracanã também foram alvo das
manifestações. Segundo o edital de concessão, o Parque Aquático Julio de
Lamare, o Estádio de Atletismo do Célio de Barros, a Escola Municipal
Friedenreich e o antigo Museu do Índio deveriam ser demolidos. Após
Cabral pedir desculpas no Twitter e dizer que “ouviu os protestos”, as
demolições foram canceladas e o contrato, revisto.
Diminuição da violência
Entre os indicadores positivos do governo de Cabral se destaca o combate à violência. Com José Mariano Beltrame à frente da Secretaria de Segurança, o projeto de pacificação chegou a 39 favelas, incluindo a Maré, ocupada no domingo (30).
Entre os indicadores positivos do governo de Cabral se destaca o combate à violência. Com José Mariano Beltrame à frente da Secretaria de Segurança, o projeto de pacificação chegou a 39 favelas, incluindo a Maré, ocupada no domingo (30).
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostraram que, em 2012, o
índice de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) foi o menor
em 21 anos. O indicador "letalidade violenta", que inclui, além de
homicídio doloso, os crimes de latrocínio, auto de resistência e lesão
corporal seguida de morte, registrou seu menor índice desde 2000.
(No vídeo acima, veja Cabral dançando funk inspirado em música de
James Brown, em 2009, durante evento de liberaração de recursos para
projetos culturais em Vigário Geral.)
Cerimônia de inauguração da Cidade da Polícia
em setembro de 2013 (Foto: Lívia Torres/G1)
em setembro de 2013 (Foto: Lívia Torres/G1)
Promessas cumpridas
A construção do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) foi uma promessa realizada pela gestão de Sérgio Cabral em maio de 2013. O moderno centro, localizado na Cidade Nova, reúne órgãos das polícias Militar e Civil, do Corpo de Bombeiros, da Guarda Municipal, da Defesa Civil, da Polícia Rodoviária Federal, do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da CET-Rio. Outra conquista foi a criação da Cidade da Polícia, em setembro de 2013. O espaço abriga 13 delegacias especializadas, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), cinco órgãos da Chefia de Polícia, além de uma prefeitura para cuidar da área administrativa.
A construção do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) foi uma promessa realizada pela gestão de Sérgio Cabral em maio de 2013. O moderno centro, localizado na Cidade Nova, reúne órgãos das polícias Militar e Civil, do Corpo de Bombeiros, da Guarda Municipal, da Defesa Civil, da Polícia Rodoviária Federal, do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da CET-Rio. Outra conquista foi a criação da Cidade da Polícia, em setembro de 2013. O espaço abriga 13 delegacias especializadas, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), cinco órgãos da Chefia de Polícia, além de uma prefeitura para cuidar da área administrativa.
Presidente Dilma faz selfie com operários durante
visita ao canteiro de obras do Metrô (Foto: Carlos
Magno/Governo do Estado )
visita ao canteiro de obras do Metrô (Foto: Carlos
Magno/Governo do Estado )
Metrô
Também promessa de campanha, a Linha 4 do Metrô, que vai ligar a Barra da Tijuca a Ipanema, inicialmente prevista para ficar pronta em dezembro de 2015, pretende transportar, a partir do primeiro semestre 2016, mais de 300 mil pessoas por dia.
Também promessa de campanha, a Linha 4 do Metrô, que vai ligar a Barra da Tijuca a Ipanema, inicialmente prevista para ficar pronta em dezembro de 2015, pretende transportar, a partir do primeiro semestre 2016, mais de 300 mil pessoas por dia.
A retomada das obras na Linha 3, que ligará Niterói a Itaboraí, ganhou
maior expectativa depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar, em
setembro de 2013, a liberação de R$ 2,5 bilhões para o projeto,
resgatado no mandato de Cabral.
Professores
Em 2010, a campanha de Cabral prometia melhorar o salário dos professores da rede estadual, sem especificar números. Após diversos protestos e uma greve de agosto a outubro de 2013, o reajuste para os professores ficou em 8%, mas a categoria reivindicava 19%.
Em 2010, a campanha de Cabral prometia melhorar o salário dos professores da rede estadual, sem especificar números. Após diversos protestos e uma greve de agosto a outubro de 2013, o reajuste para os professores ficou em 8%, mas a categoria reivindicava 19%.
Nesta quinta, Cabral se despede oficialmente do cargo. Está previsto um
discurso de renúncia à tarde, na Assembleia Legislativa (Alerj). Na
sexta (4), também na Alerj, Luiz Fernando Pezão, vice-governador e
pré-candidato ao governo nas eleições de outubro, toma posse
oficialmente.
Fonte G 1
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