Carlos Grevi
Três pessoas foram detidas e fornos de carvão foram destruídos na mata
Uma grande operação foi realizada na manhã desta quinta-feira
(17/01), na Estação Ecológica de Guaxindiba, em São Francisco do
Itabapoana. Técnicos do Inea, da Coordenadoria Integrada de Combate a
Crimes Ambientais (Cicca) e agentes do Comando da Policia Ambiental da
PM, trabalharam durante três meses para apurar denúncias de desmatamento
ilegal na Mata do Carvão, dentro da reserva, que é uma área de
preservação ambiental permanente e uma das últimas reservas de Mata
Atlântica na região.
Três
pessoas foram detidas, trabalhando em fornos de carvão que estavam
localizados numa parte chamada de Zona de Amortecimento da reserva e que
tem a finalidade de proteger os limites da mesma. Em apenas um ponto
foram encontrados quatro fornos e próximo ao local partes de árvores que
poderiam ter sido cortadas ilegalmente. Em outra área foram encontrados
mais dois fornos, além de cortes grandes de angico e aroeira, árvores
nativas, que por lei não podem ser cortadas, mas que são utilizadas para
dar mais qualidade ao carvão.
Na
casa de um dos detidos foi encontrada uma motosserra com licença
vencida e vários pássaros da fauna local, como coleiros e canários da
terra. O proprietário do local revelou que a produção era vendida para
comerciantes de Rio das Ostras, mas ambos afirmaram não saber nome nem
endereço desses compradores.
De acordo com a administradora da estação, Vânia
Coelho, a reserva tem 3.260 hectares dos quais 1200 são de mata nativa.
Boa parte da floresta está localizada em Área de Preservação Permanente
por ser cercada naturalmente por recursos hídricos onde se destaca a
vegetação de taboa entre os brejos da Floresta e Cobiça.
A estação é internacionalmente conhecida como
patrimônio da humanidade pelo programa “Homem e Biosfera” da UNESCO,
estando caracterizada como Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata
Atlântica.
De acordo com o coordenador da Cicca, José Maurício
Padrone, o helicóptero, cedido pela Polícia Militar foi utilizado para
detectar outros pontos de desmatamento. Ele disse ainda que o local
recebeu o nome de Mata do Carvão em referência à atividade carvoeira
presente ao longo dos anos na região.
“Foi um trabalho de investigação do pessoal da
estação ecológica de Guaxindiba que levantaram esses fornos que são
muito fáceis de fazer, são feitos de barro, então eles exploram
determinado tempo, destroem e depois vão pra outro lugar, então é muito
difícil detectar isso. Essa atividade é extremamente degradadora, além
de poluir queimando a madeira, a gente tem denúncias de crianças e
adolescentes trabalhando nessa atividade que é insalubre e os
trabalhadores ficam em condições análogas à escravidão, também tem o
fato da extração ilegal de madeira, pra queimar e completamente sem
licença ambiental, o órgão responsável ambiental não monitora essa
atividade, que é totalmente clandestina. Esses fornos vão ser
destruídos, o proprietário vai ser multado e responder por crime
ambiental”, explicou o coordenador que acrescentou que esse tipo de ação
é sempre necessária, quando a educação ambiental não chega às pessoas.
De acordo com o comandante do Comando de Polícia
Ambiental, Coronel Eduardo Frederico Cabral de Oliveira, os agentes
atuam em todo o estado, divididos em unidades de polícia ambiental, cada
uma sediada dentro de uma unidade de conservação.
"O apoio aéreo é fundamental para esse tipo de
operação, por que é muito difícil detectar com patrulhamento terrestre,
então nós fazemos o patrulhamento aéreo, não só aqui, mas em todas as
unidades de conservação. Essas ações são fundamentais para que a gente
consiga reprimir esse tipo de crime” concluiu o comandante revelando que
a reserva futuramente será sede de uma Unidade de Preservação Ambiental
(UPAM), com a responsabilidade de atender a toda a região.
Durante
a ação, os agentes explicaram que a produção de carvão não configura
crime, mas sim a ausência de licenciamento e a utilização de madeira
nativa, que no caso desta operação, entrará como agravante.
Todos os detidos foram autuados administrativamente
e conduzidos à 147ª Delegacia Legal, em São Francisco do Itabapoana.
Eles pagaram multa, calculada em R$ 500 por metro cúbico de carvão
produzido. Já os pássaros resgatados serão caracterizados para posterior
auto de soltura, dentro da reserva.
Ao todo foram destruídos 16 fornos de quatro
carvoarias. Depois de autuados todos foram liberados, porém um deles dos
homens vai responder por manter animais silvestres em cativeiro.
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