quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

OPERAÇÃO COÍBE EXTRAÇÃO ILEGAL DE MADEIRA NA MATA DO CARVÃO EM SFI

Três pessoas foram detidas e fornos de carvão foram destruídos na mata
Carlos Grevi

Três pessoas foram detidas e fornos de carvão foram destruídos na mata

Uma grande operação foi realizada na manhã desta quinta-feira (17/01), na Estação Ecológica de Guaxindiba, em São Francisco do Itabapoana. Técnicos do Inea, da Coordenadoria Integrada de Combate a Crimes Ambientais (Cicca) e agentes do Comando da Policia Ambiental da PM, trabalharam durante três meses para apurar denúncias de desmatamento ilegal na Mata do Carvão, dentro da reserva, que é uma área de preservação ambiental permanente e uma das últimas reservas de Mata Atlântica na região.
Três pessoas foram detidas, trabalhando em fornos de carvão que estavam localizados numa parte chamada de Zona de Amortecimento da reserva e que tem a finalidade de proteger os limites da mesma. Em apenas um ponto foram encontrados quatro fornos e próximo ao local partes de árvores que poderiam ter sido cortadas ilegalmente. Em outra área foram encontrados mais dois fornos, além de cortes grandes de angico e aroeira, árvores nativas, que por lei não podem ser cortadas, mas que são utilizadas para dar mais qualidade ao carvão.
Na casa de um dos detidos foi encontrada uma motosserra com licença vencida e vários pássaros da fauna local, como coleiros e canários da terra. O proprietário do local revelou que a produção era vendida para comerciantes de Rio das Ostras, mas ambos afirmaram não saber nome nem endereço desses compradores.
De acordo com a administradora da estação, Vânia Coelho, a reserva tem 3.260 hectares dos quais 1200 são de mata nativa. Boa parte da floresta está localizada em Área de Preservação Permanente por ser cercada naturalmente por recursos hídricos onde se destaca a vegetação de taboa entre os brejos da Floresta e Cobiça.
A estação é internacionalmente conhecida como patrimônio da humanidade pelo programa “Homem e Biosfera” da UNESCO, estando caracterizada como Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. 
De acordo com o coordenador da Cicca, José Maurício Padrone, o helicóptero, cedido pela Polícia Militar foi utilizado para detectar outros pontos de desmatamento. Ele disse ainda que o local recebeu o nome de Mata do Carvão em referência à atividade carvoeira presente ao longo dos anos na região.
“Foi um trabalho de investigação do pessoal da estação ecológica de Guaxindiba que levantaram esses fornos que são muito fáceis de fazer, são feitos de barro, então eles exploram determinado tempo, destroem e depois vão pra outro lugar, então é muito difícil detectar isso. Essa atividade é extremamente degradadora, além de poluir queimando a madeira, a gente tem denúncias de crianças e adolescentes trabalhando nessa atividade que é insalubre e os trabalhadores ficam em condições análogas à escravidão, também tem o fato da extração ilegal de madeira, pra queimar e completamente sem licença ambiental, o órgão responsável ambiental não monitora essa atividade, que é totalmente clandestina. Esses fornos vão ser destruídos, o proprietário vai ser multado e responder por crime ambiental”, explicou o coordenador que acrescentou que esse tipo de ação é sempre necessária, quando a educação ambiental não chega às pessoas.
De acordo com o comandante do Comando de Polícia Ambiental, Coronel Eduardo Frederico Cabral de Oliveira, os agentes atuam em todo o estado, divididos em unidades de polícia ambiental, cada uma sediada dentro de uma unidade de conservação.
"O apoio aéreo é fundamental para esse tipo de operação, por que é muito difícil detectar com patrulhamento terrestre, então nós fazemos o patrulhamento aéreo, não só aqui, mas em todas as unidades de conservação. Essas ações são fundamentais para que a gente consiga reprimir esse tipo de crime” concluiu o comandante revelando que a reserva futuramente será sede de uma Unidade de Preservação Ambiental (UPAM), com a responsabilidade de atender a toda a região.
Durante a ação, os agentes explicaram que a produção de carvão não configura crime, mas sim a ausência de licenciamento e a utilização de madeira nativa, que no caso desta operação, entrará como agravante.
Todos os detidos foram autuados administrativamente e conduzidos à 147ª Delegacia Legal, em São Francisco do Itabapoana. Eles pagaram multa, calculada em R$ 500 por metro cúbico de carvão produzido. Já os pássaros resgatados serão caracterizados para posterior auto de soltura, dentro da reserva.
Ao todo foram destruídos 16 fornos de quatro carvoarias. Depois de autuados todos foram liberados, porém um deles dos homens vai responder por manter animais silvestres em cativeiro.  

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Carlos Grevi

Daniela Abreu/Clícia Cruz

Fonte Ururau 

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