Futebol-arte morreu no Mineirão e terá missa de sétimo dia na Pampulha
Passadas as primeiras horas de estupefação, o torcedor brasileiro aos poucos vai se dando conta da realidade e de que não vive um pesadelo que terminará ao abrir dos olhos. O “Mineiraço” existiu e pode ter sido bom para que caiam todas as fichas, além de diversos e frágeis conceitos.
O primeiro deles, José Maria Marin não tem condições esportivas e morais para dirigir uma entidade como a CBF.
Segundo, o futebol-arte – que tanto pregamos – morreu no Mineirão e terá missa de sétimo dia na Pampulha.
Em terceiro lugar, nossos treinadores estão muito distantes dos polos onde se pratica o futebol moderno, de conjunto e eficiência.
Quarto, futebol é um esporte praticado por homens, e não por meninos que choram a cada dificuldade
e – quinto - prestam homenagens desnecessárias a companheiros lesionados.
Em sexto lugar, é preciso dissociar definitivamente os efeitos políticos e eleitorais do futebol praticado em campo.
Em sétimo – e esse número não é por acaso -, por que tantas entrevistas coletivas, compromissos comerciais, “selfies” e assédio de fãs a um grupo concentrado para fazer um bom trabalho?
Para o jornal britânico Financial Times, simbolicamente, “foi um final adequado para os longos anos de boom econômico do Brasil” – que não voltam mais. E, em termos esportivos, foi o fim da tradição do futebol do Brasil. Os brasileiros “não dão mais as cartas no futebol mundial e pararam de oferecer fintas, dribles e belos gols há muito tempo”.
Para a imprensa internacional, também parece muito estranho esse envolvimento oficial do Governo – e de seus adversários políticos – com uma simples partida de futebol. A presidente chegou a tuitar a letra de Paulo Vanzolini que diz “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima", além da tristonha mensagem: “Não vamos nos deixar alquebrar”. Um exagero. Mas em ano de eleição é assim.
Para o FT, "A responsabilidade pelo 7 a 1 reside, em primeiro lugar, nos jogadores infelizes da Seleção e seu treinador sem imaginação Luiz Felipe Scolari, mas, de forma mais ampla, no futebol tradicional desatualizado do país".
Quem criou o futebol deve saber o que acontece com o "país do futebol".
Não esqueçamos, no entanto, que somos um país civilizado que sabe perder com dignidade e receber os visitantes com educação e respeito.
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