segunda-feira, 4 de agosto de 2014

PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA POLÍTICA AUMENTA NAS ELEIÇÕES



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Cientista político e professor da Uenf Hugo Borsani: participação feminina na política no país é pequena

Fernanda Moraes

A participação das mulheres na vida política do país tem aumentado, mas ainda é minoria em relação aos homens. Pelo menos é o que apontam os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde o número de mulheres em disputa por algum cargo nas eleições deste ano é 46,5% maior do que no último pleito geral, em 2010. Até a última terça-feira (22), os dados mostravam que no universo de quase 25 mil candidatos em todo o Brasil, 7.407 são do sexo feminino, representando 29,73% do total de concorrentes em 2014. Nas eleições de 2010, eram 5.056 candidatas (22,43%).

Hugo Borsani, cientista político e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), disse que, comparando com democracias de longa data, como as da Europa Ocidental e países da América Latina, como Argentina ou Chile, a participação feminina na política no Brasil é de fato pequena. "Só para ter uma ideia aproximada, no PT, que é o partido com maior participação feminina, as mulheres representam hoje aproximadamente 9% dos deputados, mesmo havendo uma presidenta mulher. Em todos os demais partidos, essa porcentagem é menor. No PSDB, principal partido da oposição, somente 5% dos deputados é do sexo feminino", explicou.

Campos também não foge à regra

Borsani também citou Campos nesse cenário. "Mesmo tendo uma mulher à frente da prefeitura (Rosinha Garotinho), a quase totalidade dos vereadores e das secretarias é de homens", disse o professor, acreditando que o fato se deve a questões culturais e legais. "As mulheres foram autorizadas a votar e ser votadas séculos depois dos homens terem consolidados esses direitos. A política era vista como coisa dos homens até muitos anos atrás. O tardio acesso da mulher aos estudos e a necessidade de combinar trabalho e cuidado com a família também obviamente dificultaram a entrada na atividade política", acrescentou.

O cientista político defende que a presença da mulher é fundamental para chamar a atenção para problemas próprios das mulheres e, sobretudo, para serem resolvidos com políticas apropriadas. "Não é que os homens não possam fazer políticas benéficas para os problemas das mulheres, mas obviamente existe mais sensibilidade e conhecimento por parte delas. Tanto que a principal legislação na área da violência, a chamada 'Lei Maria da Penha', foi produto da mobilização de uma mulher".

Segundo ele, apesar dos dados indicarem que nas últimas eleições têm aumentado o número de candidatas mulheres, isso, até agora, não tem se traduzido num incremento significativo das mulheres eleitas. "E nisso pesa muito os apoios das máquinas partidárias nas campanhas, apoio logístico, financeiro e respaldo político. E nesses apoios as mulheres também levam desvantagens, o que explica em parte, que a proporção de mulheres eleitas seja inferior à proporção de mulheres candidatas".

Maior número de candidatas aos parlamentos

Segundo o TSE, a disputa para deputado federal e estadual registrou o maior número de mulheres candidatas no país: juntos os postos somaram 7.237 candidaturas, 2.404 a mais do que em 2010. Nas eleições deste ano, 2.057 mulheres (30,45%) irão concorrer nas vagas abertas ao cargo de deputado federal. Nos estados, o número também é expressivo, com 4.880 candidaturas femininas (30,04%) que disputarão as vagas nas assembleias legislativas.

Na disputa por uma vaga ao Senado Federal, a situação será diferente neste ano. A renovação será de um terço das 81 cadeiras (27). Em 2010, dois terços da Casa foram renovados (54 senadores). Apesar de o número total de candidaturas ter sido superior naquele ano, com 272 contra os 181 registrados em 2014, o número de candidatas mulheres se manteve praticamente estável: em 2010, foram 36 candidatas e, neste ano, 35 concorrem no pleito.

Equilíbrio na disputa para governador

A participação feminina na disputa ao cargo de governador neste ano também se manteve equilibrada na comparação com a eleição anterior. As mulheres representaram cerca de 10% do total de candidatos para a vaga nos dois pleitos. Em 2014, serão 17 candidatas aos governos estaduais. Situação parecida foi observada no caso de candidatos a vice-governador, 43 candidaturas em 2014 contra 42 em 2010.

Para o cargo de presidente da República, nas eleições deste ano, num total de 11 registros apresentados à Justiça Eleitoral, dois são do sexo feminino (18,18%): Dilma Rousseff (PT) e Luciana Genro (Psol). Já para a ocupação de vice-presidente o número é maior: quatro mulheres vão disputar a vaga (36,36%).

Em 2010, o número total de concorrentes ao cargo máximo do Executivo era menor, com nove candidatos, sendo duas candidatas mulheres. Na disputa pela vice-presidência, apenas uma mulher disputou a vaga naquele ano.

No Rio de Janeiro, dos sete candidatos ao Governo do Estado, apenas uma é mulher, Dayse Oliveira (PSTU). Para o Senado, o quadro se repete com uma mulher, Lilian Sá (Pros), concorrendo com oito candidatos.

Duas mulheres estarão na disputa para primeiro suplente, Ana Cristina Carvalhaes (Psol) e Vânia Gobetti (PSTU), e uma para segundo suplente, a candidata Maria Landerleide (PRB). Os dois têm oito candidatos na disputa. Dos 1.932 candidatos ao cargo de deputado estadual, cerca de 560 são mulheres. Já para federal são 1132 candidatos, dentre os quais, 286 são do sexo feminino. 
Fonte - Jornal O Diário

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