Crise hídrica e de energia já assombra 26 cidades fluminenses e quinze municípios paulistas
Enquanto o Governo Federal precisa manter um discurso de campanha
sustentando que tudo está bem, o país caminha a passos largos para a
recessão - provocada por diversos fatores. Pode-se puxar, por exemplo, o
fio da falta de chuvas que espalha prejuízos por todo o interior dos
dois estados mais importantes da federação e que brigam pela água como
dois gladiadores de artes marciais.
Ao reduzir em um terço a vazão de água no reservatório da hidrelétrica
de Jaguari, a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) afetou
diretamente o abastecimento – e a Economia - de 41 cidades, 26 no Rio de
Janeiro e 15 em São Paulo. O Operador Nacional do Sistema (ONS)
pressiona o governador paulista Geraldo Alckmin – em plena campanha de
reeleição -a restabelecer a vazão para ao menos 30 metros cúbicos por
segundo sob risco de colapso total até o fim do chamado período seco.
De acordo com levantamento do ONS, que está sendo encaminhado à Agência
Nacional de Águas (ANA), a crise atinge as cidades fluminenses de
Resende, Porto Real, Quatis, Barra Mansa, Volta Redonda, Pinheiral,
Barra do Piraí, Vassouras, Paraíba do Sul, Três Rios, Sapucaia,
Itaocara, Aperibé, São Fidélis, São João da Barra, Cambuci, Campos dos
Goytacazes, Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Nilópolis, São João
de Meriti, Nova Iguaçu, Queimados, Rio de Janeiro e Mesquita. Em São
Paulo, são afetadas as cidades de Pindamonhangaba (torrão natal de
Geraldo Alckmin) e também os municípios de São José dos Campos,
Caçapava, Taubaté, Tremembé, Potim, Aparecida, Guaratinguetá, Lorena,
Canas, Cachoeira Paulista, Cruzeiro, Lavrinhas e Queluz.
Em outra bacia hidrográfica, o transporte de cargas pela Hidrovia
Tietê-Paraná está paralisado em Araçatuba, noroeste paulista. O prejuízo
direto chega a R$ 200 milhões. As cargas de grãos e outros insumos
seguem para Santos pelas rodovias. Segundo o que nos informa a agência
de notícias Estado, nesta bacia, a falta de água afeta diretamente a
economia dos dezenove municípios que estão oficialmente em racionamento.
Desses, doze ficam na região de Campinas. Desde abril, pelo menos três
mil postos de trabalho foram fechados, segundo o diretor de Meio
Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp),
Eduardo San Martin. Ele acredita que as dispensas têm relação com a
crise hídrica. Já em Sorocaba, o racionamento atinge o distrito
industrial e afeta mais de 200 indústrias.
Após a Fundação Getulio Vargas ter divulgado nesta quarta-feira o
Índice de Clima Econômico (ICE) da América Latina (ICE) de julho, a
palavra recessão passará a ser citada com mais frequência nas rodas de
conversa. Pois o ICE recuou de 90 para 84 pontos entre abril e julho,
atingindo o menor nível desde julho de 2009, quando registrou 80 pontos.
Segundo a responsável pelo estudo, a professora Lia Valls, os
especialistas entrevistados avaliam que a queda na região latina é
decorrente de problemas domésticos: calotes na Argentina, falta de
chuvas no Brasil etc. O Brasil apresentou queda de diversos indicadores
econômicos pelo segundo semestre consecutivo. A FGV não quer alardear o
pior, mas tal configuração – segundo qualquer livrinho de Economia – é
traduzida como recessão.
Ruim para o Governo e um prato cheio para as campanhas de oposição.
Fonte - 3ª Via Online
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