Ururau
Quem chega a Gargaú, no litoral de São Francisco de
Itabapoana, se impressiona com as 17 torres que compõem o maior parque
eólico da América Latina. Cada um desses “gigantes” tem 80 metros de
altura – o equivalente a um prédio de 26 andares. Para se ter uma ideia
do tamanho, as torres podem ser vistas do vizinho município de São João
da Barra. O vento que sopra quase incessantemente na região faz as
hélices girarem a uma velocidade de até 160 Km/h – um espetáculo que
chama a atenção de moradores e turistas.
Quis o destino que tamanho investimento em geração
de energia limpa e renovável acontecesse num município do Norte
Fluminense, maior produtora de petróleo do Brasil. E justamente no único
município litorâneo que não integra o seleto grupo de produtores. Na
terra do ouro negro, o parque eólico de Gargaú, administrado pela
empresa Omega, é um belo exemplo de sustentabilidade, que tende a
crescer. Diariamente, são produzidos 28 megawatts de energia elétrica, o
suficiente para abastecer uma cidade de 80 mil habitantes. Toda esta
produção segue para uma central e depois é distribuída por todo o
Brasil.
O
parque eólico ocupa uma área de 500 hectares, o equivalente a 833
campos de futebol, embora a área construída seja de apenas 1,7 hectare. A
montagem da infraestrutura, concluída em outubro de 2010, levou dois
anos e envolveu 300 pessoas. Construídos na Dinamarca, os equipamentos
seguiram para o Rio de Janeiro em navios e, de lá, foram transportados
para Gargaú de caminhão. As pás, cada uma com 30 metros de comprimento,
são feitas de fibra de carbono.
“Fiquei impressionado com o tamanho e com a beleza.
Nunca tinha visitado um parque eólico, conhecia apenas de fotografias”,
admite o comerciante Altemar Guimarães da Silva, que passou o verão com
a família na Praia de Santa Clara, de onde se avista as torres enquanto
se caminha na orla. “Com todo esse vento que tem aqui nesta região,
investir na produção de energia eólica foi uma boa ideia”.
Em
2013, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica
(Abeeólica), os 28 parques eólicos que integram o Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS) produziram uma média diária de 433 megawatts de
energia. Ainda é pouco, perto de um potencial estimado em 143 gigawatts.
Para um futuro próximo, projeta-se um grande crescimento. A meta do
Plano Decenal 2012-2020, do governo federal, é que, até 2020, a
participação da energia eólica na matriz chegue a 9% do total – cerca de
16 gigawatts instalados. Em termos mundiais, o Brasil saltará do atual
16º lugar para se posicionar entre os dez países com maior capacidade
eólica instalada no mundo.
“O Brasil é a nação mais renovável do mundo, pois
sua geração de energia efetiva provém de cerca de 90% de fontes
renováveis, com 452TWh de geração de energia elétrica em 2011 e 444TWh
em 2012. Essa grande participação das fontes renováveis na matriz
elétrica nos permite buscar, no longo prazo, uma matriz diversificada e
segura em termos de suprimento, na medida em que temos espaço para
implementar energia firme no sistema, com o objetivo otimizar o sistema
energético nacional do ponto de vista econômico, social e ambiental”,
observa a economista Elbia Melo, presidente executiva da Abeeólica. Que
ventos continuem soprando no setor.
Fonte Ururau de Campos dos Goitacazes
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